TERRA[CAP]

2019, Videoinstalação Video installation

Tronco, mourão de concreto, projeção mapeada, media player
Tree trunk, concrete fence posts, mapped projection, media player

Morando na Serrinha do Paranoá por anos que percebi os conflitos territoriais entre governo e a população local. As terras aqui têm a posse requisitada por três instâncias: o governo do Distrito Federal, representado pela empresa pública TERRACAP, diz ser dono da terra; o Governo Federal diz que as terras pertencem à União; e o morador, que ocupou, construiu e plantou, também briga pela posse. Já fazia parte da minha realidade ter o percurso de ciclista e pedestre delimitado não só pelo quintal dos vizinhos, mas principalmente por arame farpado e mourões de concreto com a palavra TERRACAP gravada. Quando o caminho estava desimpedido é porque esses mourões estavam derrubados no chão, destruídos a marretadas.
TERRA[CAP] surge como uma performance para vídeo em que meu vizinho indígena Gabriel, que também participa do elenco do filme JUCA, repete o gesto praticado por muitos moradores da Serrinha do Paranoá. Derrubar esses mourões é resistir à tragédia declarada pela especulação imobiliária, que já fez a cidade crescer desordenadamente para a região sul e que agora aponta o desejo de trazer empreendimentos imobiliários para a região norte.

After living in Serrinha do Paranoá for years, I realized the territorial conflicts between the government and the local population. The ownership of the land here is claimed by three parties: the Distrito Federal government, represented by the public company TERRACAP, who declares they own the land; the Federal Government who says the land belongs to the Federal Union; and the resident, who occupied, built and planted, also fights for the ownership. It was already part of my reality in Urubu to have my cycling and pedestrian path being delimited not only by the neighbors’ yard, but mainly by barbed wire and concrete posts with the word TERRACAP engraved on them. When the path was cleared, it was because these posts were knocked down, destroyed by striking.
TERRA[CAP] emerges as a video performance in which my indigenous neighbor Gabriel, who is also part of the cast of the film JUCA, reproduces the action practiced by many residents of Serrinha do Paranoá. To take down these posts is to resist the tragedy declared by real estate speculation, which has already encouraged the disorganized growing of the city to the southern region and now indicates the desire to bring real estate developments to the northern region.

foto: Janine Moraes

Maurício Chades é um artista e cineasta originário de Gilbués-PI. Vive e trabalha entre o Distrito Federal, Alto Paraíso de Goiás e os Estados Unidos. Bacharel em Audiovisual e Mestre em Arte e Tecnologia pela Universidade de Brasília e Master in Fine Arts pela School of the Art Institute of Chicago. Em Brasília, participou dos coletivos Espaço AVI, Kinofogo Cineclube e NINHO – Coletivo de Pesquisa em Arte, Interatividade e Agroecologia. Seu trabalho, entre filme, instalação, escultura e performance, especula sobre futuros simbióticos, queer e anticoloniais. Criando ambientes sintrópicos e tecendo alianças multi-espécie, sua prática artística combina contação de história com agricultura restaurativa, compostagem e fungicultura. Seus trabalhos foram exibidos em festivais de cinema e exposições nacionais e internacionais, como a Mostra de Cinema de Tiradentes, Olhar de Cinema, Queer Lisboa e FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica. Em 2019, sua primeira exposição individual, Pirâmide, Urubu, estreou na Torre de TV Digital de Brasília, projeto premiado com o Frankenthaler Climate Art Awards em 2022. Em 2023 participou da Bienal Videobrasil com Cemitério Verde, filme premiado em primeiro lugar no e-Flux Film Award.

Maurício Chades is an artist and filmmaker from Brazil. His works, in film, installation, sculpture, and performance, speculate about anticolonial symbiotic futures and queer ecologies. Envisioning syntropic environments and multispecies alliances, his art practice combines storytelling with restorative agriculture, composting, and fungiculture. He holds a BA in Cinema Studies, an MA in Art and Technology from the University of Brasilia, and an MFA from the School of the Art Institute of Chicago. He participated in collective groups such as Espaço AVI, Kinofogo Cineclube, and NINHO - Collective for Research in Art, Interactivity, and Agroecology. His works were shown worldwide, like at Queer Lisbon, Curitiba International Film Festival, and FILE – Electronic Language International Festival. In 2019, he presented his first solo show, Pyramid, Urubu, at The Brasilia Digital TV Tower, receiving the Frankenthaler Climate Art Awards in 2022. In 2023, Chades was featured at the Biennial Sesc_Videobrasil. His most recent accomplishment was the first prize of the e-flux Film Award for Green Cemetery.

Curriculum

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